SELO DE SALOMÃO

SELO DE SALOMÃO
MAÇONARIA MÍSTICA, OPERATIVA E ESPECULATIVA - "GOSP" (V.I.T.R.I.O.L.) החירות האחווה שוויון - שלום עלי אדמות - www.fraternidadesetima.mvu.com,br

sexta-feira, 20 de maio de 2011

AS ORIGENS DO R.'.E.'.A.'.A.'.


Escrito por IIr.'. José Carlos Queiroz e Kleber Luiz Bordoni Pereira   

 
Maçonaria    A Maçonaria dos dias de hoje tem parte de sua história originada na Ordem dos Templários ou Soberana Ordem dos Cavaleiros do Templo de Jerusalém ou Ordem da Milícia do Templo, fundada em 1118, para a proteção da Terra Santa, no tempo das Cruzadas.

    A Ordem dos Templários era regida pelos estatutos idealizados por São Bernardo, o abade de Clairvaux, sendo seu maior símbolo o Templo de Jerusalém, como representação das obras perfeitas dedicadas a Deus.

    Os templários eram monges guerreiros e construtores, instruídos por antigos mestres cistercienses nas tradições greco-romanas, e se empenhavam na construção de igrejas, fortalezas, estradas e pontes.

    O poder crescente da Soberana Ordem dos Cavaleiros do Templo acabaria criando inimizades e cobiças; o rei Felipe IV, o Belo, ávido de dinheiro, forjou uma queixa contra os Templários e o Papa Bonifácio VIII, invejoso dos Cavaleiros do Templo, concordou com sua tese e, aos 12 de maio de 1310, 54 cavaleiros foram queimados "nas fogueiras santas". Dois anos depois, "extinta" a Ordem, foram executados o Grão-Mestre dos Templários, Jacques de Molay e o Grão-Prior, Guido da Normandia. O avô de Felipe, o rei Luís, foi canonizado pelo mesmo papa Bonifácio, como São Luís, sendo que este odiava os judeus, e os perseguiu tenazmente durante seu reinado, por volta de 1254.

    Os Templários, todavia, não se extinguiram com a extinção oficial da Ordem em 1312. Os que escaparam da "justiça" real e papal agregaram-se às comunidades de ofício. A Ordem do Templo, após sua destruição oficial, reconstituiu-se na forma de uma sociedade secreta internacional, cujos Grãos-Mestres viveram ocultos até o século XVIII. Os Templários deram origem ao Companheirismo (Compagnonnage), existente até hoje.

    A necessidade de manter trabalhadores cristãos organizados, em regiões distantes, subordinados a uma mesma filosofia, sob um regulamento chamado de "Santo Dever", construtores de cidadelas fortificadas, segundo métodos de trabalho herdados da antigüidade, manteve em Paris dentro da área do Templo, durante 500 anos, o centro destes trabalhadores iniciados.

    O estabelecimento Templário em Paris ocupava nessa época cerca de um terço da cidade e fugia à jurisdição real, e onde os ofícios eram todos ofícios-francos, com os artesãos isentos do jugo real e investidos plenamente no direito de franquia. Ou seja, na época das Cruzadas, não existiam cavaleiros maçons, mas sim, operários da construção, que principalmente nas terras do Oriente, eram reconhecidos como membros do Compagnonnage, instruídos pelos Templários.

    O trabalho operário, liberal, organizado, se transmitia apenas a aprendizes iniciados que passavam por provas de lealdade e mantinham segredo sobre os conhecimentos adquiridos, constituindo corporações de oficio, segundo cada especialização de atividade, como canteiros, sapateiros, marceneiros, e outros, e os "magister carpentarius", verdadeiros arquitetos que instruíam os demais operários.

    Com a dissolução dos Templários e a evolução política medieval, estes artífices organizados e detentores dos segredos das corporações dispersaram-se pela Europa e pelo Oriente, mantendo suas tradições e sua organização, incluindo um sólido mecanismo de comunicação incógnito e de transmissão de conhecimentos secretos.

    Estes artesãos, agora unidos aos monges Beneditinos, dedicaram-se à construção de todas as grandes catedrais da Europa, onde cada canteiro de obras era acompanhado de uma escola, uma creche e diversas "Lojas", segundo cada "especialidade artesanal" de edificação e acabamento. A partir daí, começa a ser possível falar em maçonaria (maçonnerie em francês – alvenaria – trabalho com a massa de assentar tijolos ou pedras; mason em inglês – pedreiro; masonry - alvenaria ) ainda "operativa", devido esta herança operária.

    No mundo político medieval, esta organização com tal capacidade de comunicação e ainda mais sendo secreta, atraiu a atenção de membros da elite política, que na época se confundia inteiramente com a elite da Igreja Católica. Estes companheiros de ofício já se identificavam por lenços coloridos, atados aos chapéus, ao pescoço, à lapela, ou aos bastões ou bengalas, sendo cada combinação de cores própria de uma profissão. Desta forma, a "maçonaria operativa" passou a "aceitar" a adesão de lideres político/religiosos em seu meio, que passaram a ser reconhecidos como "maçons aceitos" ou "especulativos", que assim se achavam abrigados e munidos de intensa capacidade de divulgação bem como de absorção de idéias e informações. Nesta época a maçonaria se disseminou e se organizou na Inglaterra, reunindo-se primariamente em Estalagens, pois historicamente estas se ocupavam do apoio logístico aos Companheiros, garantindo sua guarida e a troca de suas "Vestimentas Brancas". Além disso, usavam o átrio das Igrejas para suas cerimônias de caráter mais esotérico.

    Pode-se deduzir que a chamada "Maçonaria Operativa" já era dedicada a atividades especulativas, como as concepções religiosas e metafísicas, deixando de ser usada a terminologia operativa e especulativa em favor dos termos "Maçonaria de Ofício e Maçonaria dos Aceitos", este último para designar a Franco-maçonaria, a partir do século XVI, quando passaram a ser aceitos elementos não ligados à arte de construir, originalmente os franco-maçons ou maçons-livres (ou free-masons, em inglês).

    Por esta época uma família real, a dos Stuarts, reinava alternadamente tanto na Escócia como na Inglaterra, sendo esta dinastia iniciada no século XII e encerrada com a morte em 1649 do rei Carlos I, decapitado pelos partidários de Oliver Cromwell, que usurpou o trono.

    Os Stuarts refugiaram-se na França até 1661, quando Carlos II reentrou triunfalmente em Londres, restabelecendo a dinastia Stuartista. O rei francês Luís XIV estabeleceu o asilo político nesse período aos membros da família real e a inúmeros outros membros da nobreza escocesa e inglesa, que passaram a preparar a reação contra Cromwell. Esses nobres, que passaram a ser chamados na Inglaterra de Jacobinos ou Jacobitas, com o intuito de se precaverem contra os elementos hostis à dinastia Stuartista, abrigavam-se sob a capa das Lojas Maçônicas, sob cujo caráter secreto podiam sem grandes riscos comunicar-se com seus partidários na Inglaterra e tramar a queda do puritanismo de Cromwell. Desta forma a maçonaria se estruturou na França durante o exílio da família Stuart.

    Todavia esta dinastia foi novamente expulsa do trono inglês, numa seqüência política que resultou na reforma imposta por Henrique VIII, com o rompimento com o Papa e a criação da Igreja Anglicana, diretamente ligada à casa real britânica. Esta divisão política e religiosa foi acompanhada de uma divisão na Maçonaria. As Lojas da Inglaterra, fortemente representadas na cidade de York, em 24 de junho de 1717, no solstício de verão europeu, organizaram o primeiro sistema obediencial, com a fundação, em Londres, do primeiro organismo centralizador de diversas Lojas, tomando o título de Grande Loja, reunindo quatro Lojas londrinas. Este sistema, nascido no seio da sociedade monárquica inglesa do século XVIII, por influencia desta, tornava-se também autocrático, com o Grão-Mestre ungido com todos os poderes monárquicos.

    A Grande Loja de Londres teve durante muito tempo uma discreta e limitada influência, já que a maioria das lojas inglesas continuava a respeitar as Antigas Obrigações, permanecendo livres e não aceitando a inovação apresentada em Londres, sob a égide da política religiosa anglicana. O centro da resistência à Grande Loja era a antiga Loja de York, que para ter igualdade de condições, constituiu a Grande Loja dos Maçons Aceitos, ou Grande Loja dos Antigos Maçons, se contrapondo aos "modernos" de Londres.

    A divisão estendeu-se até 1813 quando a fusão das duas obediências gerou a Grande Loja Unida dos Antigos Franco-Maçons da Inglaterra, que decidiu, em 1815, trabalhar de acordo com o Rito dos Antigos, que eram acostumados ao titulo de Maçons de York, e apenas nos três primeiros graus, admitindo-se um quarto grau, do Real Arco, na verdade como mera extensão do Mestrado.

    O Rito de York, por outros motivos, é também identificado como Rito de Emulação.

    Nesse mesmo século, a França iria passar por grandes transformações, provocadas pelo liberalismo, que começara a crescer após a Reforma Religiosa, atingindo o seu auge na época da Revolução Francesa de 1789. A implantação do regime que privilegiava o poder do povo – democracia – em oposição à autocracia, iria proporcionar, por suas influencias, um tipo diferente de governo maçônico, com poderes moderadores do poder único do Grão-Mestre, como na Republica, através de representantes das Lojas num poder Legislativo e com o respaldo da lei, num poder Judiciário. Este sistema, por ser diferente, adotou um título diferente, tendo como seu organismo centralizador de vários orientes ( cidades ou vilas sedes de Lojas) um Grande Oriente.

    Desde então, as Obediências Maçônicas criadas sob a influência inglesa (por exemplo, o Estados Unidos da América) formaram Grandes Lojas, enquanto que aquelas criadas sob a influencia da Maçonaria francesa criaram Grandes Orientes.

    Desde a criação da Grande Loja de Londres, em 1717, desenvolveram-se na França dois ramos distintos da maçonaria: um inglês, dependente da Grande Loja londrina, e outro "escocês", livre do sistema obediencial, e, portanto, vivendo de acordo com os antigos preceitos, segundo os quais os Maçons tinham o direito de constituir Lojas Livres, procedimento que aos poucos foi mudado, com a generalização da implantação do sistema obediencial. Estas lojas "escocesas", todavia, representavam a esmagadora maioria. Em 1771, das 154 Lojas de Paris, 322 da Província e outras 21 em Regimentos Militares, não havia 10 que tivessem recebido sua patente da Grande Loja Inglesa.

    Não se falava ainda em Rito Escocês, apenas se reafirmava a origem Stuartista desta corrente antigamente escocesa ou Jacobita. Isso só iria acontecer na segunda metade do século XVIII, com a criação dos Altos Graus, suma característica do Escocesismo, nascida do desejo de aristocratizar a ordem, não no sentido político do termo, mas, principalmente, como uma idéia de seleção. Essa transformação iniciou-se em 1758, com a criação dos 25 Graus (do chamado Rito de Héredom) e só seria plenamente estabelecida em 1801, com a fundação, em Charleston, nos EUA, do Primeiro Supremo Conselho do mundo, do chamado Rito Escocês Antigo e Aceito, estabelecendo os definitivos 33 graus.

O CÓDIGO MAÇÔNICO



  1. Adora o Grande Arquiteto do Universo.
  2. O verdadeiro culto que se pode tributar ao Grande Arquiteto consiste nas boas obras.
  3. Tem sempre a tua alma em estado de pureza, para que possas aparecer de um momento para o outro perante o Supremo Arquiteto.
  4. Não seja fácil em te encolerizares, pois que a Ira é sinal de fraqueza.
  5. Escuta sempre a voz de tua consciência .
  6. Detesta a avareza, porque quem ama demasiado as riquezas nenhum fruto tirará delas, consistindo isso também em egoismo.
  7. Na senda da honra e da justiça está a vida, o caminho extraviado conduz a morte,
  8. Faze o Bem pelo próprio Bem.
  9. Evita as questões, previne os insultos e procura sempre ter a razão do teu lado.
  10. Não te envergonhes do teu Destino, pensa que este não te honra nem te degrada; o modo porque desempenha a missão é que te enaltece ou amesquinha perante os homens.
  11. Lê e medita, observa e imita, reflexiona e trabalha; ocupa-te sempre do bem-estar de teus irmãos e trabalharás para ti mesmo.
  12. Contenta-te com tudo e com todos.
  13. Não julgues superficialmente as ações de teus irmãos e não censures aereamente. O julgamento pertence ao Grande Arquiteto, porque só Ele pode sondar os corações das criaturas.
  14. Sê entre os profanos franco mas sem rudez, superior sem orgulho, humilde sem baixeza; e entre os irmãos, firme sem obstinação, severo sem ser inflexível e submisso sem ser servil.
  15. Justo e valoroso defenderás o oprimido, protegerás a inocência, não exaltando jamais os serviços prestados.
  16. Exato observador dos homens e das causas somente atenderás ao mérito pessoal, seja qual fora camada social, posição e fortuna a que pertença.
  17. Se o Grande Arquiteto to dá um filho, agradece, mas cuida sempre do depósito que te confiou. Sê para essa criança a imagem da Providência. Faz com que até aos 12 anos tenha temor de ti; até aos 20 te ame, e a até a morte te respeite. Até aos 12 sê o seu mestre, até aos 20 seu pai espiritual e até a morte, seu amigo. Pensa mais em dar-lhe bons princípios do que belas maneiras; que te deva retidão esclarecida e não frívola elegância. Faze um homem mais honesto do que hábil.
  18. Ama o teu próximo como a ti mesmo.
  19. Não faças mal, embora não esperes o bom.
  20. Estima os bons, ama os fracos, atende aos maus, porém não ofendas a nimguém.
  21. Sê o amparo dos aflitos; cada suspiro que a tua dureza provocar são outras tantas maldições que cairão sobre tua cabeça.
  22. Com o faminto, reparte do teu pão, aos pobres e forasteiros de-lhe hospitalidade.
  23. Dá de vestir aos nus, mesmo em prejuízo do teu corpo.
  24. Respeita o peregrino nacional ou estrangeiro, auxilia-o sempre; a sua pessoa deve ser sagrada para ti.
  25. Não lisonjeies nunca o teu irmão, isso corresponde a uma traição e se te lisonjearem receia que te corrompam.
  26. Respeita as mulheres, não abuses jamais da sua debilidade e muito menos pense em desonrá-las.
  27. Fala moderadamente com os pequenos, prudentemente com os grandes, sinceramente com os teus iguais e teus amigos, docemente com os que sofrem, mas sempre de acordo com a tua consciência e princípios de sã moral.
  28. 0 coração dos justos está onde se pratica a virtude e o dos tolos onde se festeja a vaidade.
  29. Não prometas nunca com intenção de não cumprir, pois, ninguém é obrigado a prometer, mas, prometendo deve cumprir.
  30. Dá sempre com satisfação, porque mais vale uma negativa delicada do que uma esmola com humilhação para quem a recebe.
  31. Suporta tudo com paciente resignação e tem sempre confiança no futuro.
  32. Faze do teu corpo um templo, do teu coração um altar e do teu espírito um apóstolo do Amor, Verdade e Justiça.
  33. Concentra, ao menos uma vez por dia, todas as vibrações de tua alma no sentido de poderes estar em contato com o Supremo Arquiteto do Universo.

A origem do trabalho de Emulação

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Durante muitos anos antes da união das duas Grandes Lojas rivais, a dos Modernos (de 1717) e a dos Antigos (de 1751), muitos esforços de bastidores foram empreendidos para padronizar as formas ritualísticas, ou seja, aquilo que entendemos hoje por rituais.
Em 1794, dois Grão-Mestres John 4º, duque de Athol, Grão-Mestre dos “Antigos” e George, Príncipe de Gales, Grão-Mestre dos “Modernos” solicitam ao Príncipe Edward, mais tarde duque de Kent, Grão-Mestre dos “Antigos” em 1813, que arbitrasse o trabalho de unificação.
Em 1809, a primeira Grande Loja (dos Modernos) tomou a iniciativa neste sentido, promovendo a fundação da Loja da “Promulgação” com o objetivo de estudar os Landmarques e as práticas para recomendar as mudanças que deveriam ser feitas no sentido de trazer os rituais a uma forma única aceitável para ambos, visando de antemão a preparação para a união das Grandes Lojas rivais. Um corpo similar foi fundado pelos (Antigos).
Em 7 de dezembro de 1813 é criada uma loja mista – Lodge of Reconciliation [Loja da Reconciliação] para harmonizar os rituais. O trabalho foi efetuado oralmente, respeitando a proibição de nada escrever a respeito do “segredo maçônico”. Nenhuma ata foi redigida, assim como foi proibido até tomar notas.
A Loja da “Reconciliação” passou a apresentar, na prática o novo ritual harmonizado para as Lojas de Londres e arredores. Essas apresentações prosseguiram durante três anos ininterruptos. Com esta providência a forma ritualística do novo ritual foi praticamente padronizada em toda a Inglaterra.
Em junho de 1816, as formas dos rituais para uso na nova Grande Loja foram demonstradas pela Lodge of Reconciliation.
Assim, em 1816, surge oficialmente um novo ritual “aprovado e confirmado” pela Grande Loja Unida da Inglaterra, resultado de um longo trabalho iniciado em 1794, coroado pelo Act of Union de 27 de dezembro de 1813 e finalmente concluído em junho de 1816.
Em 2 de outubro de 1823 os membros da “Burlington Lodge”, fundada em 1810 e “Perseverance Lodge”, fundada em 1817, se reúnem pela primeira vez na “Emulation Lodge of Improvement for Master Masons” (Loja Emulação de Aperfeiçoamento para Mestres Maçons), com a finalidade de prover instruções para aqueles que desejassem se preparar para cargos de lojas e à sucessão no Trono.
A loja de instrução "Stability", a qual incluía vários dos membros da Loja de Reconciliação entre seus líderes, iniciou seus trabalhos em 1817, mas a "Emulation Lodge of Improvement" (E.L.o.I.) só foi fundada em outubro de 1823.
A E.L.o.I. pode, no entanto conceder-se indiretamente uma conexão com a Loja de Reconciliação quase tão próxima quanto a da loja Stability porque vários dos fundadores da E.L.o.I. tinham sido membros das Lojas de Instrução Burlington e da Perseverance. Burlington tinha iniciado seus trabalhos em 1810 (sob a Grande Loja Premier, ou "Modernos") e a Perseverance havia iniciado em 1818. Houve um substancial grau de participação em comum, assim como uma certa quantidade de entradas e saídas de IIr entre as duas, de forma que apesar da Burlington ter funcionado por dois períodos relativamente curtos, o resultado final foi uma linha de sucessão praticamente ininterrupta, do tempo em que a Loja de Reconciliação definiu e demonstrou o ritual nos três graus até a fundação da E.L.o.I.
Há dois pontos a respeito do trabalho de Emulação que parecem colocar ele em destaque em relação às outras formas de trabalho:
  • Como loja de Instrução, ele existe desde 1823 até hoje ininterruptamente.
  • É hoje em dia o mais organizado de todos os chamados 'rituais', dispondo desde a sua origem de uma entidade de maçons apenas para 'proteger' a sua exatidão e a sua história, e nesse aspecto ele está muito mais maduro do que qualquer outro 'ritual'.
O livro 'Emulation – A Ritual do Remember' do Ir. C.F.W. Dyer, é considerado a história padrão da 'Emulation Lodge of Improvement'. Neste livro, conta-se que os fundadores dessa Loja de Instrução encontraram dificuldades na sua formação, porque esse tipo de corpo maçônico precisa ser patrocinado por uma Loja regular. E como os fundadores resolveram que ela deveria ser "para mestres maçônicos apenas" (como ainda é até hoje), várias Lojas que foram convidadas para serem patrocinadoras não aceitaram essa restrição. Eventualmente em 1823 a "Lodge of Hope" nº 7 aceitou ser a patrocinadora, pois seu VM era também um dos fundadores da E.L.o.I.
Não existe nenhum remanescente do ritual originalmente aprovado como "Lodge of Reconciliation Ritual" que foi aprovado pela UGLE pouco depois da sua unificação. Mas o Emulação é provavelmente tão próximo daquela formula quanto as outras formas que sobreviveram aquele período. Sua principal virtude é ter tido uma continuidade e um controle desde a sua fundação.
Entre os mais antigos e conhecidos pode-se mencionar além do Emulation, o Stability, Bristol, Oxford, Humber, Taylor's, Logic, Universal e West End. Como até poucos anos atrás era proibido a impressão dos rituais, e as dificuldades de locomoção tornavam mais difíceis a visitação regular à Lojas de Instrução, vocês podem imaginar que na verdade existem inúmeras outras formas de ritual.
Durante mais de um século de existência, o Comitteé da E.L.o.I. desautorizou qualquer versão impressa do ritual por ela mantida. A tradição era mantida apenas pela exatidão e memória dos Ir que faziam as sessões de instrução da E.L.o.I. Mas como os tempos mudaram, e os motivos que antes existiam deixaram de ter importância, em 1969 surgiu o primeiro ritual impresso autorizado pelo 'Comittee of The Emulation Lodge of Improvement". As preleções, no entanto, só apareceram na sua forma impressa em 1975.
Quando começou a trabalhar, a E.L.o.I ensinou o ritual definido pela Loja de Reconciliação por meio de preleções, e não iniciou a demonstrar regularmente as cerimônias até algum tempo depois em 1830.
Ao mesmo tempo que seria presunçoso afirmar que a Emulation tem preservado inalterada cada palavra do ritual de 1816, sucessivos membros do comitê tem garantido que tanto quanto possível, nenhuma mudança tenha sido introduzida inadvertidamente. O comitê tem realmente sustentado por todos esses anos a posição de que não detém nenhuma autoridade para alterar o ritual que foi definido pela Grande Loja em 1816, e tem portanto introduzido alterações exclusivamente sob resoluções da Grande Loja. Tanto a Grande Loja quanto a sua Comissão de Propósitos Gerais (Boad of General Purposes) tem sido notavelmente relutantes em se pronunciar sobre detalhes do ritual Maçônico, tendo com resultado que alterações significantes apenas foram formalmente autorizadas apenas no caso envolvendo as penalidades.
Em 1964, o Grande Mestre Regional de Norfolk, Bispo Herbert, propôs uma resolução na Grande Loja autorizando o uso da frase "Sempre tendo em mente a penalidade tradicional na violação de quaisquer deles, consistindo em ter..." ("ever bearing in mind the traditional penalty on the violation of any of them, that of having the...") o que deixa claro que as penalidades no Juramento eram apenas figurativas. As então chamadas "variações permissivas", as quais foram demonstradas na Emulação em cada segunda sexta-feira de cada mês desde 1965.
A Loja “Emulation Lodge of Improvement” (E.L.o.I.) se encontra no Freemason Hall, na rua Great Queen Street em Londres, todas as sextas-feiras de outubro a junho, exceto nos feriados. Os encontros começam as 18:15, exceto no festival anual em fevereiro e no festival dos preceptores em junho, únicas reuniões em que ocorrem também banquetes para todos os irmãos.
Seria inútil fingir que a Emulação é hoje algo parecido com a força que era a 50 anos ou mais. O falecido Ir. Colin Dyer opinou ainda em 1973 de que o uso de livros detalhados parecia ter tomado temporariamente o lugar da camaradagem da Loja de Instrução, mas que esperava que os números decrescentes de irmãos pudessem mostrar-se como uma fase transitória.
A afirmação agora parece ter sido exageradamente otimista. As Lojas de Instrução geralmente estão em um sério declínio, e o ritual de Emulação com eles. Isto é o resultado de pressões sociais que nos últimos anos tem dificultado a freqüência nos encontros semanais, e não há sinal dessas pressões estarem diminuindo. Mesmo assim, a Emulação continua a ensinar e manter os padrões mais altos dos rituais maçônicos, e apesar de que os maçons livres estão francamente diminuindo em número, a qualidade de seus trabalhos continuam tão bons como nos tempos antigos. Nas palavras do Ir. Redman "Enquanto houver demanda, a Loja de Emulação vai continuar a atendê-la."
Bibliografia:
Emulation Work Today - Graham Redman
The Fremason at Work – Harry Carr
Enciclopédia Maçônica – Davi Caparelli

terça-feira, 10 de maio de 2011

O SELO DE SALOMÃO

 
 
A estrela de seis pontas é um símbolo muito conhecido, usado como talismã, amuleto atrativo de energias positivas recomendado contra qualquer tipo de adversidade, natural ou "sobrenatural". É confecionada como figura ou objeto e atualmente pode ser encontrada ornamentando ambientes, roupas, publicações e objetos como medalhas, pingentes e anéis. Nos livros de todos os bons mestres ocultistas do Ocidente existem comentários a este símbolo, também conhecido como Estrela de David e Sêlo de Salomão, denominações que indicam sua antiguidade. De fato, a estrela com seis pontas remonta às eras pré-cristãs, época veramente nebulosas, e não é uma exclusividade da cultura judaica; ao contrário, pertence ao acervo de signos mágicos de diferentes povos em diferentes épocas.
A estrela é um legado que os patriarcas de Israel receberam no contexto do sincretismo religioso resultante do encontro das culturas hindu-arianas (Índia) e semitas da Mesopotâmia (atual Iraque). Desde Abraão, a estrela atravessou séculos até chegar ao Rei Salomão, filho do Rei David. Os segredos da estrela foram revelados a Salomão como parte de sua iniciação nos Mistérios de Deus. Salomão, ícone representativo de sabedoria, foi, realmente, um Mago, ou seja, um conhecedor de forças metafísicas. A "lenda histórica" conta que Salomão obteve a revelação das Ciências Ocultas de fonte divina, Ciência esta que consiste na Cabala Judaica, "magia" das relações de poder entre números e palavras.
A Cabala trata do controle da energia mental (ou pensamento) através de um sistema de rituais (acções repetidas) onde se destaca a utilização de símbolos acompanhados de invocações (falas, chamados, fórmulas verbais, versos, orações). A estrela de seis pontas é considerada o mais poderoso dos símbolos mágicos cabalísticos, usado como objecto de meditação sempre que se deseja uma conexão com Deus. Tal meditação pretende alcançar um estado de consciência, que não é sono nem vigília, caracterizado pela experiência de esquecimento ou abstracção do Ego pessoal (a personalidade condicionada pelo mundo) e consequente sentimento de identificação com o Eu Real, o Eu superior que é Uno ou indissociável do Criador de Todas as Coisas. Esta unidade do homem com Deus é a razão pela qual todas as religiões do mundo afirmam que "Deus está dentro de cada um de nós". O "Namastê", cumprimento dos japoneses, significa "O Deus que habita em mim saúda o Deus que habita em Ti”.
 
FUNDAMENTOS PITAGÓRICOS
Pitágoras foi um filósofo grego dedicado a estudos matemáticos e reconhecidamente um Iniciado Ocultista. Em seu sistema de explicação da realidade, considerava o "Número" como matriz metafísica do universo objectivo, ou seja, a realidade emana de combinações de "entidades numéricas" realizadas num plano ontológico subtil (plano de Ser abstracto, não físico), não perceptível aos sentidos humanos. Quando Pitágoras diz "Número" está querendo significar ser ou seres metafísicos e primordiais. Cada número, em escala de 1 a 9, representa uma "entidade metafísica" ou uma realidade, uma situação metafísica que evolui até se projectar em uma realidade concreta.
Na física subatômica, partículas matrizes (electróns, prótons, neutrons, mésons, pósitrons, etc.) se combinam de maneiras diferentes na composição de substâncias diferentes. Na física atômica, elementos (hidrogênio, oxigênio, hélio) estabelecem "ligações" formando compostos, como a água - H2O ou 2 átomos de hidrogênio e 1 átomo de oxigênio. Note-se que partículas e átomos, invisíveis aos olhos humanos são constituintes de toda a matéria perceptível inclusive os corpos das criaturas. Isto demonstra como, a partir da dimensão do invisível surgem as criaturas na dimensão do visível, ou ainda, o que é invisível para a vista dos homens pode ser tornar visível com um dispositivo ótico mais poderoso, como um microscópio electrônico.  
GEOMETRIA & MATEMÁTICA DA ESTRELA
A relação da Estrela de Davi com a Cabala e por conseguinte com a matemática reside em um fato evidente: a estrela é uma figura geométrica e, portanto, directamente associada às relações entre grandezas matemáticas. Como figura geométrica, a estrela é composição de dois triângulos equiláteros (triângulo que tem os três lados iguais e portanto os três ângulos proporcionalmente iguais) e de iguais dimensões (com igual comprimento dos lados). Estas igualdades são um primeiro indicativo de equilíbrio da figura.
Matematicamente, à primeira vista, a estrela está associada ao número 6. Ocorre que este número é um número composto, ou seja, é decomponível, como uma substância química composta homogênea é decomponível em um laboratório. A divisão de um número aos seus componentes mínimos chama-se redução. A redução revela quais são os valores que se relacionam na produção de um resultado. O 6, reduzido, mostra uma relção entre 3 e 2.
6 = 3x2 e é necessário falar essa proposição para perceber seu significado amplo "3 multiplicado duas vezes", ou um "3" que "se torna em "dois 3". Em operação de soma, 6=3+3 e ambas as operações, adição e multiplicação são apenas códigos que representam uma igualdade abstrata: 3x2= 3+3 =6. Decompor um número é como descobrir os genitores, a origem, o como se constituiu este número. Pitagoricamente, decompor um número é encontrar a essência de um Ser. Conhecendo o número que representa um Ser ou uma situação da realidade terrena, poder-se-ia, teoricamente, conhecer a essência, a causa primordial de tal Ser ou situação.

 O PODER DA ESTRELA
 
 
Quem usa a estrela, como um objecto, um colar, um anel, ou coloca sua figura em um ambiente, está fazendo uma declaração de adesão aos significados que ela encerra. Voltando à "entidade metafísica Número 3", ainda de acordo com Pitágoras e numerosos outros mestres esotéricos, tal Número corresponde a uma "entidade" muitíssimo elevada em termos espirituais ou, de pureza energética: Aquele a quem todo mundo chama de Deus e que todas as religiões descrevem como sendo "o Um que é Três".
A teologia católico-cristã ocidental reconhece esta concepção à qual denomina de Santíssima Trindade explicando que EM Deus, que é UM, coexistem TRÊS aspectos que se manifestam no ato de Criação. Estes três aspectos são: Pai, Filho e Espírito Santo. Criador, Criatura e a Mente Una, esta última, que opera a união indissoluta dos dois primeiros. Quanto ao modo como Deus pode ser TRÊS EM UM, esta é uma questão cuja resposta é simplesmente inacessível à inteligência humana no seu estágio actual de evolução. Os teólogos chamam esta condição de inacessibilidade de "Mistério".
Uma vez que se admita DEUS TRÊS EM UM é preciso esclarecer que este é o estado do Ser Criador em circunstância de repouso, de não-criação, estado também misterioso que o hinduismo denomina Pralaya ou Noite de Brahma. Os físicos contemporâneos afirmam, de forma semelhante, que o Universo existe em dois estados simultâneos que compreendem o SER e o NÃO-SER, ou ainda, Universo Objectivo e Universo Subjetivo. O triângulo com o vértice (ponta) para cima é uma representação geométrica de Deus em seu estado mais puro e elevado, subtil, abstracto, não manifestado. Quando Deus se manifesta ou cria, projecta suas infinitas possibilidades de SER em uma constituição densa, material, física, concreta, em uma escala ontológica (de formas de ser) que compreende diferentes graus materialidade. Retomando a análise do triângulo: voltado para cima, representa Deus em sua misteriosa condição de Trindade, a Realidade Celestial ou Espiritual. Em oposição, o triângulo com vértice para baixo, significa a Criação de Deus, Realidade Terrena ou Material. A estrela de seis pontas é, portanto, o signo da união dos dois triângulos e, portanto, signo da união entre Criador e Criatura, do Homem unido a Deus.
 
EXPLICAÇÃO DE ELIPHAS LEVI
Em sua obra Dogma e Ritual da Alta Magia, o ocultista francês do século XIX, Eliphas Levi, inclui o seguintes comentários sobre o Selo de Salomão:
O verbo perfeito é ternário, porque supõe um princípio inteligente, um princípio que fala e um princípio falado. (...) O ternário está traçado no espaço pela ponta culminante do céu, o infinito em altura, que se une por outras linhas rectas ao oriente e ao ocidente. Mas a esse triângulo visível, a razão compara outro triângulo invisível, que ela afirma ser igual ao primeiro; é o que tem por vértice a profundeza e cuja base virada é paralela à linha horizontal que vai do oriente ao ocidente. Estes dois triângulos, reunidos numa só figura, que é a de uma estrela de seis raios, formam o signo sagrado do sêlo de Salomão, a estrela brilhante do macrocosmo. A ideia do infinito e do absoluto é expressa por este signo, que é o grande pentáculo, isto é, o mais simples e o mais completo resumo da ciência de todas as coisas. A própria gramática atribui três pessoas ao verbo. A pessoa que fala; a pessoa a quem se fala; a coisa de que se fala (pronome pessoal em primeira pessoa, pronome pessoal em terceira pessoa e objecto). O princípio infinito, ao criar, fala de si mesmo para si mesmo. (LEVI, p 90. Pensamento, 1993)
... as formas são proporcionais e analógicas à ideias que as determinou; são o carácter natural, a assinatura desta ideia (...) e desde que evocamos activamente a ideia, a forma se realiza e se produz. (...) O duplo triângulo de Salomão é explicado por São João de modo notável. Há, diz ele, três testemunhos no Céu: o Pai, o Logos (Filho) e o Espírito Santo, e três testemunhos na Terra: o enxofre, a água e o sangue. São João está, assim, de acordo com os mestres da filosofia hermética (...) o enxofre significa "o éter" (espírito), a água é anima, a força vital e o sangue, é a carne a matéria, a terra, os corpos. (...) No grande círculo das evocações (operações mágicas), ordinariamente é traçado um triângulo, e é preciso observar bem de que lado deve ser posto o seu cimo. Se supõe que o espírito vem do céu, o operador deve ficar no cimo e colocar o altar da fumigações na base; se deve subir do abismo, o operador ficará na base (...) Além disso, é preciso ter na fronte, no peito e na mão direita o símbolo sagrado dos dois triângulos reunidos, formando a estrela de seis raios (...) e que é conhecida, em magia, sob o nome de pentáculo ou “Selo de Salomão." (LEVI, p 254. São Paulo: Pensamento, 1993.)
 
COMENTÁRIO DE MADAME BLAVATSKY
Helena Petrovna Blavatsky, fundadora da Sociedade Teosófica, cujo lema é "Não há religião superior à verdade" e cuja filosofia resgata textos sagrados hindus, também comenta o significado da estrela, que adverte "é errôneamente denominada “Sêlo de Salomão", no quarto volume de A Doutrina Secreta:
... o número seis foi considerado nos Antigos Mistérios como um emblema da Natureza física porque o seis é a representação das seis direcções de todos os corpos, as seis direcções que compõem a sua forma, a saber: as quatro direcções que se estendem no sentido dos quatro pontos cardeais, norte, sul, leste e oeste, e as duas direcções de altura e profundidade que correspondem ao Zênite e ao Nadir. (...) A mesma ideia se encontra no duplo triângulo equilátero dos hindus (...) no seu país chamado signo de Vishnu, o Deus do Princípio Húmido e da Água (...) o triângulo inferior, com seu vértice voltado para baixo, é o símbolo de Vishnu (...) ao passo que o triângulo com o vértice para cima, é Shiva, o Princípio do Fogo... (BLAVATSKY - v. IV - p 161. São Paulo: Pensamento, 2003)

sábado, 7 de maio de 2011

O MESTRE


(Publicado na revista O Pensamento - mai/jun/99)
 
 
Sem saber o que fazer vagava o Mestre despreocupado por entre a obra quando se deparou com um Aprendiz que, concentrado, examinava uma pedra ainda não totalmente desbastada. Querendo mostrar sua força e sua autoridade, dirigiu-se ao obreiro:
- Aprendiz, a tua pedra não está devidamente desbastada. Acaso pensas em dá-la como acabada?
- Mas, Mestre esta pedra...
- Não será negligenciando nas tuas tarefas que um dia pretendes chegar onde hoje estou. Não penses que o mestrado é conseguido sem sacrifícios e pouco trabalho.
- Mas, Mestre, eu...
- Não me parece que os ensinamentos tenham sido por ti bem assimilados. Vede o estado em que se encontra esta pedra. Toda disforme e cheia de imperfeições. Já imaginastes as conseqüências que acarretaria o seu assentamento na obra? Por certo não iria se encaixar convenientemente e, além disso, colocaria em risco o próprio andamento da construção
- Mas, Mestre, eu gostaria de...
- Não me interrompas enquanto falo. Um aprendiz deve saber comportar-se diante de seu Mestre. Não estou gostando do teu comportamento nem de teu jeito desleixado de trabalhar. Olha só esse avental, todo sujo, e essas ferramentas em péssimo estado de conservação. Agora olha para mim. Vê meus paramentos, imaculados, e meus utensílios de trabalho perfeitamente conservados, como novos. Não te serve de lição ver tão gritante comparação? Acaso não te sirvo de exemplo? E vamos deixar de conversa; trata de trabalhar que o tempo é curto. Como castigo, para que não sejas tão negligente, deverás terminar o desbaste desta pedra, mesmo no teu horário de descanso.
- Mas, Mestre, eu gostaria de explicar que...
- Não irei perder mais meu tempo contigo! Faze o que determinei e estamos conversados!
Afastando-se, o Mestre sai satisfeito e orgulhoso por ter sido severo e demonstrado sua autoridade, deixando o aprendiz matutando:
- Puxa vida! Eu queria explicar ao Mestre que esta pedra está aqui desde quando ELE ERA APRENDIZ E, NA PRESSA DE AUMENTAR O SEU SALÁRIO, NÃO A DESBASTOU CONVENIENTEMENTE. Todas as minhas pedras foram aproveitadas na obra, razão pela qual meu avental está sujo e minhas ferramentas desgastadas pelo uso. Além disso, estou no meu horário de descanso e aproveitava o tempo para concluir o desbaste desta pedra que está aqui desde a promoção do Mestre.
O Mestre deve ter razão e deve estar muito preocupado com seus afazeres para se importar com uma simples pedra bruta. O melhor mesmo é terminar esta pedra e deixá-la pronta para o polimento.
Pensando melhor, não seria mais conveniente eu deixar esta pedra, que não é minha, de lado e preocupar-me em aumentar meu salário e ser igual ao Meu Mestre?



A explicação do símbolo @ (arroba) no e-mail



Durante a Idade Média os livros eram escritos pelos copistas, a mão. Precursores dos taquígrafos, os copistas simplificavam seu trabalho substituindo letras, palavras e nomes próprios por símbolos, sinais e abreviaturas. Não era por economia de esforço nem para o trabalho ser mais rápido (tempo era o que não faltava, naquela época!). O motivo era de ordem econômica: tinta e papel eram valiosíssimos.
Assim, surgiu o til (~), para substituir o m ou n que nasalizava a vogal anterior. Se reparar bem, você verá que o til é um enezinho sobre a letra.
O nome espanhol Francisco, também grafado Phrancisco, foi abreviado para Phco e Pco – o que explica, em Espanhol, o apelido Paco.
Ao citarem os santos, os copistas os identificavam por algum detalhe significativo de suas vidas. O nome de São José, por exemplo, aparecia seguido de Jesus Christi Pater Putativus, ou seja, o pai putativo (suposto) de Jesus Cristo. Mais tarde, os copistas passaram a adotar a abreviatura JHS PP, e depois simplesmente PP. A pronúncia dessas letras em sequência explica por que José, em Espanhol, tem o apelido de Pepe.
Já para substituir a palavra latina et (e), eles criaram um símbolo que resulta do entrelaçamento dessas duas letras: o &, popularmente conhecido como e comercial, em Português, e, ampersand, em Inglês, junção de and (e, em Inglês), per se (por si, em Latim) e and.
E foi com esse mesmo recurso de entrelaçamento de letras que os copistas criaram o símbolo @, para substituir a preposição latina ad, que tinha, entre outros, o sentido de casa de.
Foram-se os copistas, veio à imprensa - mas os símbolos @ e & continuaram firmes nos livros de contabilidade. O @ aparecia entre o número de unidades da mercadoria e o preço. Por exemplo: o registro contábil 10@£3 significava 10 unidades ao preço de 3 libras cada uma. Nessa época, o símbolo @ significava, em Inglês, at (a ou em).
No século XIX, na Catalunha (nordeste da Espanha), o comércio e a indústria procuravam imitar as práticas comerciais e contábeis dos ingleses. E, como os espanhóis desconheciam o sentido que os ingleses davam ao símbolo @ (a ou em), acharam que o símbolo devia ser uma unidade de peso. Para isso contribuíram duas coincidências:
1 - a unidade de peso comum para os espanhóis na época era a arroba, cujo inicial lembra a forma do símbolo;
2 - os carregamentos desembarcados vinham frequentemente em fardos de uma arroba. Por isso, os espanhóis interpretavam aquele mesmo registro de 10@£3 assim: dez arrobas custando 3 libras cada uma. Então, o símbolo @ passou a ser usado por eles para designar a arroba.
O termo arroba vem da palavra árabe ar-ruba, que significa a quarta parte: uma arroba (15 kg, em números redondos) correspondia a ¼ de outra medida de origem árabe, o quintar, que originou o vocábulo português quintal, medida de peso que equivale a 58,75 kg.
As máquinas de escrever, que começaram a ser comercializadas na sua forma definitiva há dois séculos, mais precisamente em 1874, nos Estados Unidos (Mark Twain foi o primeiro autor a apresentar seus originais datilografados), trouxeram em seu teclado o símbolo @, mantido no de seu sucessor - o computador.
Então, em 1972, ao criar o programa de correio eletrônico (o e-mail), Roy Tomlinson usou o símbolo @ (at), disponível no teclado dessa máquina, entre o nome do usuário e o nome do provedor. E foi assim que Fulano@Provedor X ficou significando Fulano no provedor X.
Na maioria dos idiomas, o símbolo @ recebeu o nome de alguma coisa parecida com sua forma: em Italiano, chiocciola (caracol); em Sueco, snabel (tromba de elefante); em Holandês, apestaart (rabo de macaco). Em alguns, tem o nome de certo doce de forma circular: shtrudel, em iídisch; strudel, em alemão; pretzel, em vários outros idiomas europeus. No nosso, manteve sua denominação original: arroba.